sábado, 9 de julho de 2011


Nos dias 8, 9 e 10 de julho acontece em Santa Maria/RS a 18ª FEICOOP - Feira Estadual do Cooperativismo. Neste ano participamos do evento no sábado, através da 8ª CRE/NTE (Núcleo de Tecnologia Educacional), onde ministramos Oficinas de Blog e atuamos junto ao 1º Encontro de Blogueiros de Escolas Públicas Estaduais. Este último contou com a representação da SEDUC, através da Diretora de Políticas Públicas Claudia Cardoso, que contribuiu com o debate com professores da escolas estaduais, que já trabalham com blogs como recurso pedagógico. Abaixo alguns registros dos eventos da Feira.

Oficina de Blog pela manhã


Encontro de Blogueiros















Escolas marcaram presença

 
 Oficina de Blog a tarde
 
Passando pela Feira

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Coordenadoria de Santa Maria participa da 18ª FEICOOP

A 8ª Coordenadoria Regional de Educação (8ª CRE) em parceria com o Projeto Esperança Cooesperança participa pela primeira vez da programação da 18ª Feira Estadual de Cooperativismo (18ª FEICOOP) que inicia hoje (08) e vai até até domingo (10) no Centro de Referência em Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter em Santa Maria.

Há um mês funcionários da 8ª CRE, organizados em sete grupos, estão trabalhando intensivamente na elaboração da programação que fará parte das atividades dos três dias da Feira que é o maior evento de economia solidária da América Latina. “Compreendemos que a parceria 8ª CRE e Projeto Esperança Cooesperança e também a nossa participação na FEICOOP, que é inédita, vem ao encontro de um pensamento que aposta que uma outra educação é possível, ou seja, parte da ideia de uma proposta política e pedagógica verdadeiramente solidária e inclusiva que valoriza e coloca a escola como protagonista social”, destaca a coordenadora regional da 8ª CRE, Celita da Silva.

Hoje a 8ª CRE e escolas dos vinte três municípios de abrangência e também a 24ª CRE de Cachoeira e a 3ª CRE de Estrela participam do início das atividades na 7ª Caminhada Internacional e Ecumênica Pela Paz. Além de cartazes, faixas e banners que farão parte da Caminhada, uma colcha do meio ambiente – confeccionada com desenhos pelos alunos das escolas estaduais e que fará parte da programação do Fórum Social Mundial e da Rio+20 – será conduzida pelos participantes.

Amanhã (09) a 8ª CRE abre a programação, às 8h30, com um “Fórum de Educação Profissional e Economia Popular Solidária”, organizado pelo Setor Pedagógico, onde serão apresentadas experiências de economia solidária e a tarde, 14h, como continuidade do Fórum, acontece um debate com participação de entidades e pesquisadores. Também pela parte da manhã às 10h e a tarde, às 16h, o Núcleo de Tecnologia Educacional de Santa Maria (NTE) promove oficina de Blog no Laboratório de Informática do Colégio José Otão e no horário das 14h o “Iº Encontro de Blogueiros de Escolas Públicas” com presença de representantes de escolas que possuem Blogs. Na tarde de sábado, às 15h, a Assessoria de Comunicação Social realiza o “Iº Encontro de Rádios Escolas e Rádios Comunitárias” reunindo rádios comunitárias de Santa Maria e escolas estaduais que utilizam rádio-poste. No domingo, a partir das 14h, acontece o “Iº Encontro de Bandas Estudantis” com  apresentação e desfile de bandas de escolas da 8ª CRE no palco principal da Feira. Também haverá durante todo o evento uma estande institucional da CRE, com mostra de ações e programas desenvolvidos pela Coordenadoria e exposição de projetos e experiências das escolas estaduais. Todas as atividades são abertas ao público e não tem custo para participação. 

http://www.educacao.rs.gov.br/pse/html/noticias_det.jsp?PAG=2&ID=6879

terça-feira, 5 de julho de 2011

O medo de olhar para a frente


Foto: Marcos Borges/Folhapress


As restrições ao uso das novas tecnologias digitais no mundo da escola ainda são fortes, mas esse cenário tende a se modificar com o tempo. O professor acabará entendendo que lecionar não é mais uma via de mão única, e sim que o aluno tem muito a acrescentar em classe, sobretudo pela facilidade que as novas gerações têm ao usar o computador. As redes sociais podem e devem ser utilizadas dentro do contexto pedagógico, e não somente como formato auxiliar. Esses são alguns pensamentos do pesquisador em tecnologias na educação e coordenador associado do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) da Unicamp, José Armando Valente, que trabalha com o tema desde 1983.
Valente é um raro exemplo de profissional que compôs seu currículo agregando as áreas de educação e engenharia à informática. Tem também o título de doutor em Filosofia pelo Departamento de Engenharia Mecânica e Divisão de Estudo e Pesquisa em Educação do Massachusetts Institute of Tecnologic (MIT). Nesta entrevista a Carta na Escola, Valente fala também da dificuldade que os governos nacionais têm em adaptar o currículo ao uso das novas tecnologias. “O Brasil não está preparado, mas não há país no mundo que esteja neste momento”, afirma.
Carta na Escola: O senhor é engenheiro de formação. Como surgiu o interesse em estudar a educação e associá-la à tecnologia?
José Armando Valente: Bom, fui formado como engenheiro mecânico e, desde a faculdade, eu mexia com computador. Fui ensinar computação na Unicamp e lá conheci um grupo que trabalhava com a tecnologia na educação – portanto, apesar de a tecnologia na escola ser um assunto maior há poucos anos, já se discute esses conceitos para sua utilização na escola há décadas. Em 1983, foi criado o Núcleo de Informática Aplicada à Educação, o Nied, que está na ativa até hoje e experimentou diversas fases tecnológicas. Naquela época, falávamos muito do computador para criar a linguagem operacional chamada Logo, desenvolvida por um pesquisador do MIT, nos Estados Unidos) e que dialogava com o construtivismo. Essa linguagem dizia que, em vez de a máquina instruir o aluno, é o aluno que deveria instruir a máquina. Então, nesse processo, você utilizaria conceitos que permitiram ao aluno aprimorar o próprio conhecimento aos poucos. Veja que não usamos mais o Logo há muitos anos, mas as redes sociais têm a mesma abordagem. Depois focamos mais na educação a distância e nos laptops educacionais, em situações que tornam o ensino mais abrangente e melhor.
CE: Por que é importante a escola abraçar o mundo das redes sociais?
JAV:
Quando falamos em inclusão digital hoje, estamos nos referindo a um conceito um pouco diferente do que estivemos acostumados nos últimos anos. Agora não se trata mais de ter acesso à tecnologia, porque grande parte da população do Brasil já tem acesso a computadores através da escola, da lan house e do barateamento do computador pessoal. A questão vai além. Já é sobre como o sujeito se comporta no meio on-line e de como pode trazer essa tecnologia para tirar benefícios próprios. A importância da escola hoje é também ajudar as pessoas- a desenvolver essa habilidade. É um processo de formação de pessoas, que é justamente uma das missões da escola. Mais que fazer parte da internet, as redes sociais fazem parte da vida das pessoas. A escola deveria já estar lidando com isso ao incluir as novidades tecnológicas em seu aparato pedagógico. A partir daí, existe o conteúdo das aulas, que pode se tornar mais profundo com o auxílio de toda essa tecnologia.
CE: E de que maneira o uso dessa ferramenta pode fazer a diferença na educação de um estudante?
JAV:
Hoje a escola está basicamente restrita a lápis e papel. O currículo dela é todo formado assim há muito tempo, os professores foram moldados dessa maneira. Só que hoje temos simulações digitais que formam novos mecanismos para se lidar com o conhecimento, tudo ao alcance do professor. Exemplos: há simulações muito difíceis de você criar utilizando somente a lousa e o giz, e que poderiam rapidamente ser feitos no computador. Estou falando de formas geométricas da Matemática, estou falando de terremotos e tsunamis na Geografia etc. Imagine também uma aula de História, em que você visita um museu on-line. Esses já existem, já há uma interação fantástica atualmente.
CE: E como o senhor avalia que as redes sociais poderiam ser usadas em sala de aula?
JAV:
Imagine que os adolescentes usam bastante o Twitter. Esse fator já faz dele algo palatável para o professor utilizar em sala de aula, pois desperta um interesse natural. Por que o professor de Língua Portuguesa, por exemplo, não o utiliza para os alunos expressarem ideias em 140 caracteres? É um ótimo exercício de concisão, um trabalho de comunicação sintética que muitos alunos de doutorado não costumam ter. É fundamental saber resumir suas ideias no mundo de hoje. Isso também serve para professores de outras disciplinas, em circunstâncias similares. Agora, claro, o aluno precisa da ajuda do professor para utilizar a ferramenta didaticamente. Não é porque ele está no Twitter que vai sozinho usar da melhor forma possível.
CE: Mas já há professores que usam -blogs, por exemplo, não?
JAV:
Sim, mas muitas vezes não é um bom uso, ou é um uso incompleto. Serve mais como apoio de material, o blog não está incluso para valer na maneira de dar a aula.
CE: O aluno tende a ter mais interesse ao identificar uma ferramenta que ele usa diariamente?
JAV:
Sim, mas depende muito se você tem um uso correto da tecnologia. Se você usa mal, sem conseguir agregá-la ao material didático, não adianta. O aluno precisa captar que aquilo está sendo útil para ele. Infelizmente, ainda há essa distância entre a escola de hoje e a vida fora dela, os alunos lidam pouco com o lápis e o papel.
CE: É comum professores serem refratários à ideia de inclusão da internet em sala de aula, principalmente porque conhecem menos essas ferramentas que a maioria dos alunos, que foram criados com elas. Como adaptar os professor sem traumas?
JAV:
Fazer parceria com os alunos é a melhor forma, sem dúvida. Uma coisa que deve ficar claro é que a educação na era digital é bastante colaborativa, envolve interação e compartilhamento. Não pode existir mais aquela situação em que o professor se prepara para entrar na classe e dar um show-solo. Ele tem de sair do pedestal, a internet não tem nada a ver com isso e, uma vez que ela esteja presente em sala de aula, essa relação muda. Então você pode pedir auxílio para os alunos que têm o conhecimento daquelas ferramentas, que já entendem tudo da parte tecnológica, porque cresceram mexendo -naquilo. O bom professor é aquele que vai aproveitar esse conhecimento do estudante, trazê-lo para a sala de aula e definir como aquele conteúdo vai fazer parte da vida do estudante. Perceba como isso é importante do ponto de vista educacional.
CE: Que casos positivos servem de exemplo da inclusão das redes sociais na sala de aula?
JAV
: Lembro de um caso bem-sucedido que foi durante a moda dos flashmobs. Os alunos estavam nessa onda e os professores organizaram uma tarefa multidisciplinar, na qual os alunos tinham de preparar um evento desses. Há a concepção artística da coisa, há a resolução de problemas para que se concretize o flashmob, aí tem o professor de Matemática que explora as figuras geométricas etc. Os alunos se empolgam.
CE: Os dirigentes do ensino brasileiro têm se preparado para isso? Como o senhor avalia as políticas públicas para tal?
JAV
: Não, eles não estão bem preparados, mas esse não é um fenômeno exclusivo do Brasil. Para falar a verdade, é do mundo inteiro. Não há um só país que já tenha todo um programa de utilização das novas tecnologias no universo educacional e que já esteja em pleno funcionamento. Vejo que, na Inglaterra e nos Estados Unidos, há casos isolados entre escolas e grupos de pesquisas, mas nada que se caracterize como uma política pública. O problema é que essas mudanças curriculares não podem simplesmente ser feitas de cima para baixo. Não adianta o Ministério da Educação dizer que a partir de agora o ensino brasileiro vai ser totalmente dentro da era digital se o professor que está lá em baixo da cadeia não participa, se a escola não está preparada etc.
CE: E qual é a alternativa a isso?
JAV
: Com o tempo essa interação da escola tende a crescer, mas o fato é que os administradores da política pública têm de se reunir com os professores, que estão no dia a dia da sala de aula e sabem muito bem o que os alunos estão trazendo em termos de novidades. Entendendo o que os professores enfrentam, você consegue assimilar as novidades e as melhores maneiras de incluí-las no currículo.
CE: Mas a velocidade das mudanças das políticas educacionais é lenta, pode ficar décadas sem mudar. E a tecnologia muda em questão de meses. Como conciliar isso?
JAV
: De fato, a política nunca vai dar conta de acompanhar o desenvolvimento tecnológico. Agora, o papel da política é preparar todos os personagens do ensino para a flexibilidade que virá do desenvolvimento tecnológico, de mostrar sobre como se preparar para ele. Essas bases são extremamente importantes não só para o mundo escolar, mas também para a nossa sociedade. Cada grande mudança de tecnologia dessas contém uma forte concepção educacional. Portanto, a política não vai acompanhar o avanço tecnológico, ela deve preparar o terreno para que aconteça.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/o-medo-de-olhar-para-a-frente