terça-feira, 20 de novembro de 2012

Um exemplo de disciplina

Ana Botafogo vence a batalha dos anos fazendo o que mais gosta: dançar

Bailarina desde os 18 anos, Ana Botafogo faz confissões sobre envelhecimento e arte

 

Foto: Jefferson Botega / Agencia RBS

  

Patrícia Lima

Ela tem sucesso, reconhecimento, talento. Mas o tempo cobra seu preço, especialmente de alguém que depende do desempenho do corpo. Por hora, a primeira-bailarina Ana Botafogo vence com maestria a batalha dos anos e as tragédias da vida fazendo aquilo que mais gosta e mais sabe fazer: dançar
Essa história de só a bailarina que não tem defeito, da música Ciranda da Bailarina, de Chico Buarque, não combina muito com a maior estrela da dança clássica brasileira, a primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Ana Botafogo. Procurando bem ela tem medo de cair, tem apetite para comer de tudo, tem dores todos os dias e tem remela quando acorda às seis da matina. Só uma coisinha a bailarina não tem: tempo.
Por mais que Ana tenha ludibriado o tempo para passar dos 50 anos ativa (a idade precisa ela reluta em revelar), com um corpo impecável e dançando os balés mais exigentes, ela sabe que terá de prestar contas à idade, mais cedo ou mais tarde. Um dia terá que parar de dançar, encontrar um novo sentido para sua arte, conviver com um corpo saudável, porém limitado. Terá que envelhecer, enfim. Mas quando?
- Uma bailarina não pode ficar velha nunca! - exclama Ana, orientando o fotógrafo Jefferson Botega, que produziu as imagens que ilustram esta reportagem, para que tomasse cuidado com os efeitos da luz em seu rosto.
O tempo vai chegar para Ana, mas não como chega para todos os demais. Pelo menos não enquanto ela puder enganá-lo, surpreendê-lo. Como não tem tempo, a bailarina também não tem cansaço, preguiça, acomodação. Dedica-se à profissão com o mesmo afinco e disposição que tinha aos 18 anos, quando começou a dançar profissionalmente, na França. Todos os dias, faz uma hora e meia de aula de balé no Theatro Municipal (sim, a Ana Botafogo ainda faz aulas, com uma professora), ensaia o espetáculo que estiver em cartaz por quatro horas e ainda pratica Pilates e fisioterapia.
Folga no domingo? Sim, a bailarina quase sempre tem.
- Meu corpo é uma máquina bem trabalhada e sempre fui boa de manutenção - ela conta e sorri. - Tive muito cuidado com a prevenção de lesões. Por isso tenho 36 anos de carreira com a mesma energia.
O pequeno corpo de 45 quilos espalhados com harmonia milimétrica em 1m60cm sustentou a imagem de artista vigorosa e capaz de executar movimentos de grande dificuldade. Prova é sua identificação com dois clássicos, Giselle e O Quebra-Nozes, cujas protagonistas lhe garantiram apresentações e aplausos no mundo todo. Um prato rico em carboidratos e sem carne vermelha antes dos espetáculos e tudo o mais que o apetite permitir nas demais refeições é o segredo da vitalidade de Ana. Alimentar-se bem, sem restrições, e ter energia para gastar: olhando para ela, essa conta parece até fácil.
Aliar a rotina pesada de exercícios físicos e dança a uma alimentação prazerosa e saudável parece ter sido o suficiente, até agora, para trapacear o tempo. No cabelo quase não vai tinta, exceto quando se aproxima alguma festa - como era o caso do dia seguinte à entrevista, em que Ana pintaria o cabelo para o casamento de um sobrinho. A pele lisinha do rosto não recebe intervenções cirúrgicas ou estéticas. Aliás, mal recebe os creminhos obrigatórios de todas as noites.
- Pra você ter uma ideia, ano passado fui pela primeira vez ao dermatologista. Ele me receitou uns cremes lá. Eu tento, mas às vezes esqueço de passar, menina!

Dores, tragédias e desilusões

Ana Maria Botafogo Gonçalves Fonseca é a bailarina que também tem sofrimento - como todas as outras, diz ela, desmentindo Chico Buarque. Em 36 anos de carreira, aprendeu a conviver com as dores do corpo, causadas pelo esforço e pela repetição dos movimentos. Das tendinites, entorses, dores musculares e afins já perdeu a conta.
- Aprendi a conviver com isso. De manhã, por exemplo, quando estou fria, dói tudo. Mas à medida que o dia começa e eu me exercito, vai passando - diz, resignada.
No ano passado, viveu o momento mais tenso da carreira, quando rompeu os ligamentos do pé durante um espetáculo, o que a obrigou a ficar três meses em recuperação e outros sete sem dançar. Para uma bailarina de 20 anos, isso seria ruim. Para uma mulher que insiste em estar no palco mesmo depois dos 50, esse tempo poderia significar uma perda irrecuperável de massa muscular e resistência corporal. Não para Ana Botafogo.
Ela também é a bailarina que viveu, fora dos palcos, dramas pessoais semelhantes aos que representa na ponta dos pés. Viúva por duas vezes, teve seus sonhos de amor colhidos por fatalidades. Em 1988, casada havia apenas dois anos e meio com o bailarino inglês Graham Bart, viu seu marido ser arrastado por uma onda ao banhar-se na Pedra do Leme, no Rio de Janeiro. Passado o impacto da tragédia, casou-se novamente com o advogado Fabiano Marcozzi. Depois de 10 anos de união, a morte veio buscar o segundo companheiro, vitimado por um acidente vascular cerebral em 2001. Gostaria de ter tido filhos, mas não os teve nos dois casamentos.
A solução para superar a amargura e voltar a ver a vida com entusiasmo foi a mesma que Ana usa para todas as demais situações: dançar. No Rio de Janeiro, no palco do Municipal, e em palcos do Brasil e do mundo, ela reafirma a escolha que fez ainda muito jovem, quando foi selecionada para o corpo de baile do Ballet de Marseille, do coreógrafo Roland Petit.
- Quando entrei lá e vi aquilo tudo pensei: "Essa é a vida que eu quero para mim". E foi, né?
Ao comentar os enredos trágicos que protagonizou na vida real, Ana mostra, sim, uma ponta de tristeza. Mas logo trata de afirmar o quanto gosta de viver. Enquanto orienta a maquiadora a não carregar na sombra ("olhos bem marcados são apenas para o palco"), ela dispara em poucas palavras tudo o que aprendeu.
- Apesar de tudo, a vida é boa comigo. Sou uma pessoa alegre e feliz, com muita coisa ainda para fazer.

Falta de maneira ela não tem

Em um país de escassa cultura clássica, Ana Botafogo escolheu justamente o caminho da arte tradicional, em detrimento à moda do balé moderno ou contemporâneo. Não bastasse isso, dá exemplo de determinação ao manter-se como primeira-bailarina por mais de 30 anos - e ainda sem planos de aposentadoria.
Para falar sobre sua história e sobre a dança, a artista participa de eventos como o que foi promovido recentemente pelo Barra Shopping Sul, em Porto Alegre. Com uma decoração inspirada no balé O Quebra Nozes, do qual Ana já foi protagonista inúmeras vezes, o shopping a convidou para acender as luzes.
- Nunca perco a oportunidade de falar com as pessoas, incentivar as jovens bailarinas a acreditarem na dança clássica, a seguirem seus sonhos. Quero fazer isso cada vez mais.
Desde o samba de sapatilhas, que interpretou no desfile da escola de samba União da Ilha em 1991, até o espetáculo contemporâneo que montou ao lado de Carlinhos de Jesus, Ana se reinventa em muitas empreitadas. Tem ganas de coisas novas, de desafios. Com muita, mas muita relutância, está tentando afastar-se dos balés tradicionais, que já representou muitas vezes. Seu último espetáculo, que comemorou os 35 anos de carreira, é Marguerite e Armand, uma versão de A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas, coreografada em 1963 por Federick Ashton.
Sobre fazer novelas novamente - ela atuou em Páginas da Vida, de Manoel Carlos, interpretando uma professora de balé -, entusiasma-se. Mas não agora. Não ainda.
- Posso ser atriz com 80 anos. Mas bailarina eu tenho que ser agora, enquanto tenho tempo.
Assim, inquieta, ela não para de querer, de buscar, de sonhar com o próximo espetáculo. Talvez seja esse, afinal, o verdadeiro motivo pelo qual Ana tem surrupiado dos anos o tempo que a bailarina não tem.

Ao relativizar o envelhecer, a bailarina, que não tem tempo, ganha todo o tempo quiser.

Fonte: 
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/donna/noticia/2012/11/ana-botafogo-vence-a-batalha-dos-anos-fazendo-o-que-mais-gosta-dancar-3953398.html

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Curso Coordenação Pedagógica - Aula CCCE


Dia 05 de novembro ocorreu a aula presencial da sala Currículo, Cultura e Conhecimento Escolar (CCCE) do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica. A sala é coordenada pelo Prof. Luís Armando Gandin e tem por centralidade a reflexão sobre a complexidade do currículo na organização do trabalho pedagógico. Propõe-se o estudo sobre o currículo como espaço de poder, cultura, ideologia e hegemonia; a análise das tendências atuais na organização curricular, tendo em vista o processo de aprendizagem dos alunos e a qualidade da oferta do ensino. A aula foi ministrada pela Profª Graziella Souza dos Santos e assessorada pela Profª Vanessa Juliane da Silva Roth (Assistente Presencial do Polo), contamos com a presença de 47 cursistas. Agradecemos a parceria com a Escola Cilon Rosa, na disponibilização dos espaços para os encontros presenciais.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

29 de Outubro - Dia Nacional do Livro



Curso em São Vicente - Segundo Encontro


No dia 26 de setembro tivemos o segundo encontro do Curso de Introdução à Educação Digital (40h) em São Vicente do Sul, ministrado para os professores do município. O professores experenciaram o programa TuxPaint, aprenderam a redimensionar fotos no KolourPaint, trabalharam com o Impress, navegaram pelo Portal do Professor, iniciaram a construção de um Blog, entre outros. Amanhã, 30 de outubro, teremos o terceiro encontro e contamos com a participação de todos. Abaixo algumas fotos tiradas pela Profª Vanessa Roth, no dia do curso.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Curso Coordenação Pedagógica - Aula RETP


Dia 10 de outubro tivemos o encontro presencial da sala Realidade Escolar e Trabalho Pedagógico (RETP), do Curso de especialização em Coordenação Pedagógica. A aula foi ministrada pelo Profº Jaime José Zitkoski no salão da Escola Cilon Rosa e contou com a presença de 42 cursistas. A sala é coordenada pelo professor Paulo Albuquerque e tem por objetivos específicos:

  • compreender os aspectos históricos, sociais, culturais, políticos e econômicos que norteiam o trabalho pedagógico, e considerá-los em suas análises;
  •  interpretar os dados oficiais sobre os programas para educação nos âmbitos dos sistemas educacionais;
  • identificar as políticas implantadas nas escolas;
  • organizar o trabalho pedagógico, fortalecendo a  gestão democrática da escola;
  • analisar questões como  violência e indisciplina existentes na escola e formas de autonomia e liberdade possíveis, tendo em vista a formação de sujeitos emancipados política e intelectualmente.
O encontro foi acompanhado e fotografado pela Profª Vanessa Roth (Assistente Presencial do Polo Santa Maria).




segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O que se aprende com a Educação Física

Educação Física não é só recreação e jogo de bola. Conheça as lições que é possível tirar da disciplina 


Pelé, Romário, Ronaldo, Zico, Hortência, Oscar, César Cielo, Bernardinho, Marta, Guga... Quem não sonha em ser um atleta peso-pesado? Ou em ter um campeão desses na família? Mas não é apenas de medalhas de ouro e prata que o esporte é feito. Pesquisas mostram que apenas 0,26% da população tem aptidão para se tornar esportista de renome. Mas nem por isso a Educação Física deve ficar de escanteio. As aulas aplicadas na vida escolar das crianças e jovens brasileiros podem não fazer ídolos esportivos, mas desenvolvem muitas habilidades importantes.

Desde o Ensino Infantil até o fim do Ensino Médio as aulas de Educação Física fazem parte do cotidiano dos alunos das escolas públicas e privadas do Brasil. Para a maioria das pessoas, o tal senso comum, a finalidade única da disciplina é fazer exercícios e ensinar regras de diferentes modalidades de esportes. Mas é muito mais do que isso. Além dos benefícios físicos da prática esportiva, a Educação Física pode desenvolver competências e habilidades sociais, psicológicas, motoras e cognitivas! 

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Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/educacao-fisica-559281.shtml